1850 Abu Simbel


Há imagens que fazem sonhar. Esta descobri-a hoje, numa publicação do Metropolitan Museum of Art (NY): um daguerreótipo de Abu Simbel tirado em 1850 por Maxime du Camp. Abu Simbel tinha sido redescoberto 30 anos antes por Jean-Louis Burckhardt, e explorado pouco depois por Giovanni Belzoni. Sempre visualizei mentalmente o que eles teriam visto - agora vejo o que eles viram. Pura magia.

A uma uruguaia


A Leonor Acevedo de Borges
 
Quiero dejar escrita una confesión, que a un tiempo será íntima y general, ya que las cosas que le ocurren a un hombre les ocurren a todos. Estoy hablando de algo ya remoto y perdido, los días de mi santo, los más antiguos. Yo recibía los regalos y yo pensaba que no era más que un chico y que no había hecho nada, absolutamente nada, para merecerlos. Por supuesto, nunca lo dije; la niñez es tímida. Desde entonces me has dado tantas cosas y son tantos los años y los recuerdos. Padre, Norah, los abuelos, tu memoria y en ella la memoria de los mayores —los patios, los esclavos, el aguatero, la carga de los húsares del Perú y el oprobio de Rosas—, tu prisión valerosa, cuando tantos hombres callábamos, las mañanas del Paso del Molino, de Ginebra y de Austin, las compartidas claridades y sombras, tu fresca ancianidad, tu amor a Dickens y a Eça de Queiroz, Madre, vos misma.
Aquí estamos hablando los dos, et tout le reste est littérature, como escribió, con excelente literatura, Verlaine.
 
J.L.B.
 
(Dedicatória das Obras Completas)

Os Anti-Maias


Subtis são os caminhos, insondáveis os desígnios…
Escolhe-se seis dos mais desqualificados plumitivos da escrevinhação lusita e embute-se-lhes na cabeça o convencimento de que são dignos sucessores de Eça de Queirós. Como se adivinha, os escribas tão mais depressa se rendem quanto mais alarves são. Vai de escreverem um seguimento para Os Maias, nem mais. Um deles, belfo e acometido de gaguez psicossomática, já admitiu que vai "dar a volta ao texto" na "sequela". Outro, um inefável arvorado ao Parnaso da escória, promete entroncar a prosa na "questão colonial".
É tão ridículo o propósito e tão desqualificada a trupe que com toda a certeza lerei essa Nova Ilíada. Eça, coitado, estremunhado desta horrífica traição à sua memória, cedo se refará e rirá através dos olhos de cada um dos leitores deste projecto "a doze mãos" (eu ia dizer vinte e quatro, mas contenho-me). Eu certamente terei aí um enérgico desopilante para o tédio estival.
Subtis os caminhos: o engajador desta remonta de escribas quis certamente enaltecer a memória de Eça, com um maquiavelismo que lhe conhecemos de outros carnavais. Claro: depois de lermos as zambujices agualuzadas e as clarices apeixotadas que fervilharão no miasma impresso, com que devoção não regressaremos nós às delícias intelectuais do original?
Insondáveis os desígnios: nem em sonhos Eça alguma vez imaginou vergastar com tanta violência essa burguesia semi-letrada, reles, molenga, sabuja, como ela mesma se auto-vergastará com este pífio e fraldiqueiro esforço de "desconstrução" e "reinvenção" e "actualização" de uma obra que afinal tem sobrevivido a tudo – até a estas mutiladoras homenagens do galinheiro.

Tao


Para um taoísta a noção de "direitos" é absurda, e denota somente o narcisismo e auto-engrandecimento com que nos encaramos. Para um taoísta nem sequer faz sentido dizer que um indivíduo, um grupo, ou até a nossa espécie, é um fundamento, ou um ponto focal, para os nossos juízos morais. É "demasiado humana" a busca de visões próximas, como o confucianismo, por um "sentido da vida", por um "fundamento", e mais ainda quando esse fundamento é associado à ideia de uma outorga divina da nossa condição.
 
O Tao é transcendente e imanente, perpassa toda a natureza que nos abarca; mas porque não age com um propósito não podemos retirar dele qualquer legitimação da nossa conduta, se procurarmos formulá-la em termos finalísticos, intencionais. Por isso, para um taoísta a "consciência ética" é uma desnaturação dos motivos para agir, expulsando o impulso vital em favor de uma racionalidade tingida pela pré-compreensão teleologista.
 
Se existe, portanto, uma ética taoísta, ela é subtilmente não-normativa – reservando uma dimensão prescritiva ao apelo à dissolução na natureza, à regeneração holística, à convergência para o Tao. Se essa ética existe, ela reclamará um novo vocabulário, possivelmente poético, não-designativo.

Leituras



Caminho Virtual


Empenhado que ando num projecto intelectual ambicioso (o mais ambicioso até agora... shhhhh...), nos momentos vagos preciso de distracção. Esgotadas as leituras de tudo o que é Guia em papel e .pdf (a "Brierley cottage industry"), esgotados os relatos (incluindo os bonzos da literatura "light" no ocaso "baby-boomer", como Shirley MacLaine ou Paulo Coelho), visto e revisto compulsivamente o comovedor The Way, com Martin Sheen, restava pôr-me a caminho... no Google Earth. Vou na 12ª jornada, à vista de San Juan de Ortega, pelo que amanhã chego a Burgos. Os Pirinéus (na 1ª etapa) são fogo!
No Google Earth podemos seguir o Camino metro a metro, frequentemente com "street view". Não é fácil (perdemo-nos, em especial a atravessar as cidades). Acima, na 4ª jornada, o Alto del Perdón.
Um dia faço isto sem ser em modo virtual. Agora: ao trabalho!

Dia de pausa


Quando tenho dúvidas quanto à vocação que cultivei, consola-me sempre reler estas últimas linhas de After Virtue de Alasdair MacIntyre (sim, talvez tenhamos esse dever de contribuir para uma ética de virtude quando em torno as éticas normativas se dissolvem em tecnicismos e subtilezas relativizadoras - e talvez consigamos fazê-lo através da vida do espírito; sim, talvez sejamos clérigos em combate): "What matters at this stage is the construction of local forms of community within which civility and the intellectual and moral life can be sustained through the new dark ages which are already upon us. And if the tradition of the virtues was able to survive the horrors of the last dark ages, we are not entirely without grounds for hope. This time however the barbarians are not waiting beyond the frontiers; they have already been governing us for quite some time. And it is our lack of consciousness of this that constitutes part of our predicament. We are waiting not for a Godot, but for another—doubtless very different —St. Benedict."

Bomba: 10 anos!


Dez anos de BOMBA INTELIGENTE. Parabéns!

"And then one day you find ten years have got behind you.
No one told you when to run, you missed the starting gun.
 
So you run and you run to catch up with the sun but it's sinking
Racing around to come up behind you again.
The sun is the same in a relative way but you're older,
Shorter of breath and one day closer to death."

("Time / The Dark Side of the Moon" / Pink Floyd)

Ironia histórica e sobressalto no Ashram


Tudo começou porque os defensores da Graça eficiente, que criam na impotência humana para assegurar a salvação, acusaram de Molinismo, ou de neo-Pelagianismo, os que vinham restabelecer a ideia de Graça suficiente, crendo na relevância do livre-arbítrio para promoção das condições de salvação.
Os Jesuítas de Lovaina ripostaram com a acusação de Baianismo (já proscrito pelo Papa Pio V) contra o Bispo Jansen (Jansenius) de Ypres – o que os seguidores deste tomaram por um ataque oblíquo contra a tradição Augustiniana.
Golpes baixos nos Países Baixos, em suma, a pretexto aparente de bizantinices soteriológicas. (1)
Os Jansenistas acabaram proscritos, os Jesuítas acabaram igualmente expulsos e a sua Ordem extinta. Ironia da História, só os Jesuítas renasceram das cinzas; e chegam agora aos píncaros do Vaticano (por onde já tinham andado alguns que, há muitos séculos, se tinham furtado à eleição).
Visto do arco longo da História, soa a uma remota vingança oriunda das Misiones argentinas, onde outrora o jesuitismo soçobrou ingloriamente perante Raisons d'État. E soa a uma nova derrota teológica do Jansenismo na sua imemorial querela anti-jesuítica; aqui no Ashram sentiu-se um frisson.
 
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(1) Leszek Kolakowski (1998), God Owes Us Nothing: A Brief Remark on Pascal’s Religion and on the Spirit of Jansenism, Chicago, University of Chicago Press, 24–30; Lucien Ceyssens (1993), “Que Penser Finalement de l’Histoire du Jansénisme et de l’Antijansénisme?”, Revue d’Histoire Ecclésiastique, 88, 108–130.

Paris 1860, Notre-Dame reconstruída



"Jusqu'à Gutenberg, l'architecture est l'écriture principale, l'écriture universelle."
Victor Hugo, Notre-Dame de Paris

Nicola & Benito


A clique eurocrata desespera com os resultados das eleições italianas. Se ao menos fossem referendos sempre podiam mandá-los repetir, como de costume, até que os seus apaniguados vencessem. Na falta dessa solução milagrosa, tentam a ingerência com o avacalhamento ideológico, a velha "ruse" dos revolucionários franceses, que inauguraram essa prática de demolição "ad hominem" como tiro de partida para as campanhas de invasão.
Sucede que a Itália é a pátria da liberdade republicana; tem no seu pedigree histórico uma longuíssima tradição de geração de soluções próprias, à margem, e não raro contra, as forças centrípetas que ocasionalmente se avolumam dos dois lados dos Alpes. Há partidários das hegemonias importadas – os provectos Guelfos e Gibelinos –, mas o burguês italiano sabe que na sua abastança, na coesão dos seus comícios e nas fraquezas da vanglória alheia encontra a sua "virtù", a sua afirmação idiossincrática nos meandros da História.
Isso nunca poupou os italianos, numa vívida demonstração do paradoxo da liberdade, às tentações e erros da demagogia, da impiedade, da tirania. Mas mesmo aí nunca a Itália esperou tutelas alheias para explodir pedestais e para lançar-se no tiranicídio com o mesmo entusiasmo e determinação com que na véspera adulara os "condottieri" populistas: os exemplos de Nicola (Cola di Rienzo) ou de Benito (Mussolini) são dos mais eloquentes de sempre.
Ficámos a saber que os Gibelinos do século XXI, aqueles que veneram a Eurocracia, são uma minoria na península italiana. O resto mostrou que execra e despreza esse avatar do Império, honrando a velha tradição do republicanismo florentino e veneziano, tacitista e maquiavélico. Palhaços são os que não percebem essa singularidade e desesperam com isso. Com os outros cognominados palhaços lidará o próprio povo italiano, se um dia do populismo que professam emergir uma deriva tirânica.

Nunc Dimittis Servum Tuum


Simeão, homem justo e temente a Deus, esperou longos anos pela "consolação de Israel"; mas ao ver e tomar nos seus braços o menino Jesus, sentindo realizada a profecia de que não morreria sem ver Cristo, exclama: "Agora, Senhor, despede em paz o teu servo, segundo a tua palavra" (Lucas, 2:25-32).
Simeão descobrira que há um momento para morrer (São Cipriano, De Mortalitate, 3.299,2).
Também o descobrirá, in extremis, o Duque de Bedford, Regente de França: "Now, quiet soul, depart when heaven please, / For I have seen our enemies' overthrow." (Shakespeare, Henry VI, Part 1, Act 3, Scene 2); o que faz dele um Simeão ironicamente bélico.
Já Diocleciano (lembrando-se certamente do nobre exemplo de Cincinato, que renunciara duas vezes à posição de ditador) anunciara à plebe romana que em razão do seu cansaço e fragilidade, e da necessidade de uma liderança mais enérgica, seria o primeiro Imperador romano a abdicar livremente. O que significa que nem todo o poder emudece o Simeão em nós.
T.S. Eliot reflecte em linhas sublimes sobre esse sábio crepuscular: 
"(…) 
Not for me the martyrdom, the ecstasy of thought and prayer,
Not for me the ultimate vision.
Grant me thy peace.
(And a sword shall pierce thy heart,
Thine also).
I am tired with my own life and the lives of those after me,
I am dying in my own death and the deaths of those after me.
Let thy servant depart,
Having seen thy salvation.

A Song for Simeon (1928)

Alma portuguesa


"O mal é que me custa dizer que não, ainda mais a infelizes do que a patetas, e todos levam no rosto um lampejo de esperança. A minha cobardia, se não é a comodidade, obriga-me a este ludíbrio indecente. Mas vá lá alguém convencê-los de que vêm errados, que não é verdade mover eu o Terreiro do Paço com uma perna às costas, que os políticos estão-se marimbando para quem os não assiste com um sufrágio constante ou os não exalça com o alfa e o ómega da arte de governar. Uma vez que caí na santa ingenuidade de confessar a minha impotência, ia-me saindo caro. Assanharam-se contra mim e os nomes menos feios com que me mimosearam foi soberbo e homem sem Deus, o que no fundo me lisonjeou. Não estamos na terra em que mergulham Santo António no poço quando se demora a fazer o milagre? Realmente ter ou não ter influência e usar dela eficazmente não é essencial; o que conta é afixá-la e pô-la de modo teórico e dialéctico à disposição de quem precisa. O português prefere ser enganado a ser desiludido; antes quer morrer esperando, confiado na Virgem, na boa alma, no bom acaso, a ser distinguido com o sincero e formal non possumus."
Aquilino Ribeiro, Caminhos Errados

Um Papa Jansenista (II)


"Ocorre-me neste ponto algo que Sócrates disse a Fédon. Em diálogos anteriores tinham sido suscitadas muitas opiniões filosóficas falsas, pelo que Sócrates diz: "Seria muito compreensível que alguém, por irritação com tantas noções erradas, desprezasse ou ridicularizasse para o resto da sua vida qualquer discurso sobre o ser – só que desta forma lhe escaparia a verdade da existência e sofreria um grande dano".
O ocidente está ameaçado, desde há muito tempo, por esta aversão às questões fundamentantes da sua razão, e só pode sofrer grandemente com isso. A coragem de se abrir a toda a amplitude da racionalidade, e não a rejeição da sua grandeza - este o programa com o qual uma teologia assente na fé bíblica entra no debate do tempo presente. "Não agir racionalmente, não agir com o logos, é contrário à natureza de Deus", disse Manuel II, partindo da sua compreensão cristã de Deus, ao seu interlocutor persa. É para este grande logos, para esta vastidão da racionalidade, que convidamos os nossos interlocutores no diálogo das culturas. Redescobri-lo constantemente, eis a grande tarefa da universidade."

Palavras finais de Bento XVI em Regensburg, 12 de Setembro de 2006

Um Papa Jansenista


Na sua meditação sobre as tensões dialécticas entre Estado e Igreja (nos seus Elementos de Filosofia do Direito), Hegel conclui que o cisma na Igreja, longe de uma maldição, foi uma oportunidade – não apenas para o Estado, que logrou "desenvolver o seu verdadeiro carácter e tornar-se uma realidade auto-consciente, racional e ética", mas para a própria Igreja, que viu incrementada a sua liberdade e racionalidade, e mais ainda para o pensamento, o beneficiário último desse aumento histórico de racionalidade e de liberdade.
 
Em 1555, vergado à epilepsia, à gota e às sezões, o Imperador Carlos V abdicou do mais extenso império do mundo para terminar os seus dias na quieta clausura de Yuste.
 
Pensei nestas duas coisas mal soube da renúncia de Bento XVI. O velho intelectual bávaro quis sair da fremência do mundo no seu melhor registo – o racional. Num mundo que idolatra e que aplica todo o fervor às manifestações mais superficiais do carisma, à mundanidade do dramalhão e do fait-divers, ele lembrou-se da razão do seu serviço, da razão do seu dever, da sua razão – e não quis, contra essa razão, ser servido em holocausto à tirânica expectativa da populaça, que esperava assistir à sua agonia. Imagino o alívio que sentirá de poder regressar, no ocaso, à privacidade da sua fé, à sabedoria crepuscular da desaprendizagem e do despojamento, ao silêncio, à contemplação, à humildade. Cumprido o seu dever, será agora o mais livre dos homens, porque soube, no fim, reordenar racionalmente a uma exiguidade comportável, a uma austeridade claustral, o espaço da sua realização terrena.

Poesia ou a redenção pela palavra


"However that may be, I now wish that I had spent somewhat more of my life with verse. This is not because I fear having missed out on truths that are incapable of statement in prose. There are no such truths; there is nothing about death that Swinburne and Landor knew but Epicurus and Heidegger failed to grasp. Rather, it is because I would have lived more fully if I had been able to rattle off more old chestnuts — just as I would have if I had made more close friends. Cultures with richer vocabularies are more fully human — farther removed from the beasts — than those with poorer ones; individual men and women are more fully human when their memories are amply stocked with verses."

As últimas palavras (impressas) de Richard Rorty: AQUI

Aristotelismo claustral


"What matters at this stage is the construction of local forms of community within which civility and the intellectual and moral life can be sustained through the new dark ages which are already upon us. And if the tradition of the virtues was able to survive the horrors of the last dark ages, we are not entirely without grounds for hope. This time however the barbarians are not waiting beyond the frontiers; they have already been governing us for quite some time. And it is our lack of consciousness of this that constitutes part of our predicament. We are waiting not for a Godot, but for another—doubtless very different —St. Benedict."

Alasdair MacIntyre, After Virtue

Cumplicidade


Entre cabides do Spiderman, do Hulk (com peruca) e de exuberantes vestidos de princesa os seus olhos iluminaram-se, antecipando a alegria do rancho de filhos e enteados quando no sábado regressar a casa. Foi o momento redentor da noite, depois de termos despachado molemente uns petiscos regionais na luz baça e cavernosa do shopping (mais uma vez me esqueci daquele exíguo balcão de Dim Sum que ainda aguarda a minha estreia). Transformámos a nossa exaustão numa cumplicidade silenciosa e trocámos olhares impacientes com a passagem dos minutos. Tínhamos ainda que falar – e falámos. Saiu um som queirosiano, protestámos a nossa inutilidade, a nossa derrota, a nossa resignação, destilámos a gravitas dos anos.
Nenhum trolley passou no aterro a fornecer-nos o dénouement irónico, nenhum instante de elegância mundana veio redimir-nos. Foi preciso descermos à loja dos brinquedos para, na antecipação do carnaval das crianças, na antevisão da alegria inocente, ele deixar reluzir o amor pelas suas crianças, momentaneamente distantes, e eu sentir, na alegria dele, o reflexo dos momentos únicos que a minha criança me tem proporcionado. Por ridículo que soe, esse momento tão prosaico e estereotipado de expressão de sentimentos paternais pareceu devolver algum sentido às coisas, e encher-me de uma secreta confiança - não quero saber porquê.